sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Entre o ser e as coisas

Carlos Drummond de Andrade

Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e á rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando 
amanhece frescor de coisa viva.

As almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.

N'água e pedra amor deixa gravados 
seus hieróglifos e mensagens, suas 
verdade mais secretas e mais nuas.

E nem os elementos encantados 
sabem do amor que os punge e que é, pungido 
uma fogueira a arder no dia findo.

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